domingo, 15 de maio de 2011

Arquitectua Gótica

Sendo o gótico um estilo dos países europeus de predominância católica (incluindo a Hungria e a Polónia), atingiu a sua forma mais perfeita em França e Inglaterra. Deu origem a uma exuberância formal, muitas vezes condicionada por características regionais e frequentemente de grande beleza e complexidade. O estilo disseminou-se pela arquitectura religiosa e pela arquitectura secular da época, salientando-se as catedrais. O gótico prevaleceu na Europa Ocidental até ao final do século XV, altura em que se deu uma recuperação dos valores de arquitectura clássica.
Em França, a arquitectura gótica pode ser dividida em quatro períodos: o gótico inicial (1130-1190), período em que se deu o aparecimento do arco quebrado (arco ogival), aplicado por exemplo na catedral de Notre Dame (iniciada em 1160), em Paris. Nogótico pleno, as catedrais apresentam uma maior verticalidade, com arcos mais altos e estreitos como se pode observar na catedral de Chartres (iniciada em 1194) e na catedral de Bourges (iniciada em 1209). O gótico radiante ocorrido entre 1240 e 1350, deve o nome à estrutura de algumas catedrais, em que várias capelas irradiam da ábside, como na Sainte Chapelle (1226-1230), em Paris. Finalmente, o gótico tardio ou gótico flamejante, cujas manifestações ocorreram entre 1350 e 1520, corresponde a uma ornamentação de motivos curvilíneos na traceria dos vãos e de arrendados nos pináculos, platibandas e outros elementos salientes, sendo exemplificado por Saint Gervais, em Paris.
Em Itália, o gótico assentou sobre bases clássicas, sendo caracterizado por amplos vãos, arcos simples e uma planta derivada da basílica romana. A catedral de Milão é um notável exemplo da arquitectura gótica italiana.
Na Alemanha, o gótico foi bastante influenciado pelo gótico francês, pelo menos até ao final do século XIII. A catedral de Colónia, por exemplo, foi edificada à imagem da catedral de Amiens, tornando-se o maior edifício religioso da Europa do Norte.
Em Inglaterra, o gótico, em termos da arquitectura possui uma classificação particular, dividindo-se em: gótico inicial (1200-1275) exemplificado na catedral de Salisbúria; gótico decorado (1300-1375), de que é exemplo o mosteiro de York, e o gótico perpendicular (1400-1575), patente na catedral de Winchester. As bases estruturais da arquitectura gótica constam de um elaborado sistema de abóbadas (possível pela presença de arcos quebrados), de princípios científicos rigorosos, o que também se aplica aos arcobotantes.
Em Portugal, a introdução do estilo gótico marcou o centro e o sul do país, ficando ligada à construção de grandes abadias e de fortalezas ao sul do Tejo, como as de Estremoz e Beja. A sua implementação deve–se essencialmente às ordens religiosas, que, entre os séculos XIII e XV, erigiram um número significativo de construções góticas. Todas as construções obedeciam a um plano específico, que acabou por delinear os parâmetros da arquitectura gótica em Portugal: edifícios constituídos por três naves, sendo a nave central mais alta, rematada, regra geral, por três ou cinco capelas abobadadas, com portal e rosácea na frontaria. Umas das construções mais exemplificativas do gótico português é o mosteiro de Santa Maria da Vitória (Batalha), que D. João I mandou erguer para agradecer a vitória das tropas portuguesas na batalha de Aljubarrota, em 1385, e cujas obras se prolongaram por vários reinados.
Esta nova arquitectura diferenciava-se assim da arquitectura românica pelas inovações das técnicas de construção, a possibilitarem alterações da planta dos edifícios. Os vãos podiam agora ser maiores, e as paredes estruturais podiam apresentar uma maior área de janelas, já que não precisavam de suportar o peso da cobertura, desviado pelos arcobotantes. As janelas ogivais eram agrupadas em pares ou trios, dispostas sob um arco, sendo o restante espaço adjacente ocupado com pequenas aberturas circulares lobadas. Posteriormente, a cantaria entre as várias janelas e aberturas seria reduzida a estreitas travessas, e todo o conjunto abrangido pelo arco tornou-se uma só janela. Nesta fase, a porção superior da janela apresentava-se preenchida com traceria, primeiro de motivos geométricos, depois de motivos curvílíneos e serpenteantes e, finalmente, de aberturas quase rectangulares a formarem uma grelha (efeito permitido também pela introdução de lintéis nas janelas de maior vão). Estas fases de padrões de janelas, mais do que evidência de princípios construtivos inovadores, levaram à divisão da arquitectura gótica, que passou a ser classificada segundo estas três fases. O termo «gótico» foi primeiramente usado pelos arquitectos e teóricos do renascimento de forma pejorativa, talvez em resultado do facto de Vasari (teórico do século XVI) ter atribuído a autoria destes estilos artísticos medievais aos godos, que nas suas migrações invasoras pela Europa destruíram muitas manifestações da arte clássica



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