domingo, 6 de fevereiro de 2011

Renascimento Carolíngio

A obra levada a cabo pelos Carolíngios durante o império iniciado por Pepino, o Breve, quando eliminou os merovíngios em 751 e foi eleito rei pelos francos, designa-se por "Renascimento Carolíngio", sendo este período caracterizado pela confluência do purismo anglo-saxão, da tradição romana e das técnicas bizantinas. Seria Carlos Magno o obreiro da união de todo o Ocidente cristão, tendo sido sagrado imperador em 800. O império duraria até 843, quando aplicaram as disposições do tratado de Verdun, que o divide em três partes. A organização do império tanto por Pepino, o Breve, como por Carlos Magno teve como consequência um enorme desenvolvimento artístico, cujos aspectos mais interessantes se encontram na arquitectura e na pintura através de frescos e de iluminuras. As artes sumptuárias e a escultura em marfim atingem a máxima expressão. As balizas cronológicas apontadas para esta renovação cultural vão de 780 até às invasões dos Normandos em 887. No entanto, o seu reflexo vai muito para além daquela data, manifestando-se ainda nas reformas monásticas do século X.
Notou-se, então, uma verdadeira preocupação em elevar o nível intelectual e moral dos francos. Naturalmente que o clero teve um grande peso na construção da nova face cultural, com a criação de novas escolas catedralícias, monásticas e presbiteriais nas áreas rurais. Apesar de vocacionadas para a formação do clero, estas escolas eram igualmente abertas aos laicos que as quisessem frequentar. As escolas elementares dedicaram-se ao ensino das artes liberais, etapa fundamental de preparação para estudos mais aprofundados. Para atender às necessidades impostas pela reforma do ensino, Carlos Magno promoveu a vinda de professores estrangeiros que passaram a fazer parte daquilo a que se chamou "a academia do palácio", composta por italianos, irlandeses e anglo-saxões.
Tratou-se também de uma cultura renovada ao nível dos aspectos religiosos, tendo como principais centros Fulda, Luxeuil e Tours, onde os monges se empregaram nos seus scriptoria copiando a Bíblia, obras eclesiásticas ou livros clássicos como os de Virgílio, aos quais aplicavam um excepcional trabalho de iluminura que muitas vezes ocupava a totalidade da página. Nestes trabalhos estão patentes influências clássicas, bizantinas ou irlandesas, nomeadamente no uso de grande quantidade de decoração composta por entrelacs. Foi uma renovação que experimentou um regresso à antiguidade e colocou os legados antigos ao serviço do cristianismo, preservando-os para as épocas posteriores. Fruto do esplendor alcançado, perdurou uma forma de escrita própria de um novo império - a carolina (ou carolíngia).
Foi principalmente na arquitectura que se manifestaram os objectivos mais elevados dos protagonistas da organização do império, ilustrando bem as transformações ocorridas no âmbito da religiosidade, nomeadamente em relação à liturgia. Aproveitam-se influências de Bizâncio em Aix e Germigny. Constituiu, de facto, uma síntese das diferentes correntes artísticas do Ocidente que se concatenam durante o reinado de Carlos Magno: influências da antiguidade trazidas via Itália e Bizâncio e influências provenientes da Inglaterra e da Irlanda.


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